Coyhaique é uma pequena cidade, localizada nas entranhas das Cordilheiras dos Andes, na Patagônia Chilena. A cidade é cercada por paisagens cinematográficos de tirar o fôlego. Independente da estação do ano, a neve se faz presente nas fotografias de todos que visitam este incrível destino. A cidade foi o sétimo destino escolhido para ser desbravado na terceira etapa do Projeto Desbravando as Américas.
Vale ressaltar que as fotos, dos atrativos visitados por mim, foram tiradas por uma camêra fotográfica Cannon, emprestada, e por um celular Iphone 4S.
- A cidade de Coyhaique foi fundada no ano de 1929.
- Coyhaique é uma cidade e Comuna localizada a 310 metros acima do nível do mar, na Província de Coyhaique, ao oriente da Cordilheira dos Andes.
- A cidade é a capital e o principal núcleo urbano da Região de Aysén, na Patagônia Chilena.
- Inicialmente, a cidade foi batizada com o nome de Baquedano, em homenagem ao General Chileno Manuel Baquedano. No ano de 1934, a cidade foi rebatizada com o seu atual nome, pois já havia outra cidade com o nome anterior no norte do país.
- Antes da chegada dos colonos europeus, a região era habitada pelos povos originários Tehuelches, Kawésqar e Chonos.
- O nome Coyhaique significa “Acampamento da Lagoa” em idioma Tehuelche.
- No ano de 1971, foi inaugurada a primeira emissora de televisão da cidade.
- No ano de 1974, como um produto do processo de reorganização administrativa , iniciado pela Ditadura Militar após o Golpe de Estado, a capital regional da Região de Aysén foi transferida da cidade de Puerto Aysén para a cidade de Coyhaique, devido a sua maior relevância econômica.
- Coyhaique possui clima oceânico subpolar, sendo a temperatura mínima registrada de -26.4°C.
- No ano de 2016, a Organização Mundial de Saúde apontou Coyhaique como a cidade com maior contaminação atmosférica da América Latina, devido a queima incontrolada de lenha de má qualidade utilizada nas residências para a calefação.
- Segundo o Censo de 2017, Coyhaique possui uma população total de 57.818 habitantes, sendo grande parte descendentes de imigrantes do Arquipélago Chileno de Chiloé, alemães e do Oriente Médio.
- Coyhaique possui como “cidade-irmã” a cidade argentina de Comodoro Rivadavia.
Transporte 1: Chile Chico x Puerto Ibañez
- Travessia do Lago General Carrera com balsa da empresa Somarco
- Tempo de Viagem: 2h15min
- Valor da passagem em junho de 2017: CLP2.200
Transporte 2: Puerto Ibañez X Coyhaique
- Van da empresa Buses Carolina
- Tempo de Viagem: 3 horas
- Valor da passagem em junho de 2017: CLP5.000
Couchsurfing na casa do David Luis Caro. Excelente anfitrião que me recebeu, de “braços abertos” em sua residência, e me ajudou a organizar o roteiro de atrativos a serem visitados em sua cidade. Além disso, ele fez questão de preparar excelentes pratos típicos da gastronomia chilena durante o período ao qual estive em sua casa.
Roteiro para 2 dias - O que fazer?
Dia 1:
Carretera Austral (Ruta 7): Projetada no ano de 1976, trata-se da principal via de transporte terrestre, localizada na Zona Austral Chilena, que interconecta a região da Patagônia Chilena com o restante do território nacional. A rodovia é considerada uma das obras mais caras e difíceis do século XX, devido às suas singulares características geográficas, compostas por ilhas, glaciares, campos de gelo, lagos, rios turbulentos e montanhas que formam as Cordilheiras dos Andes. Durante o período de Ditadura Militar, imposta por Augusto Pinochet, mais de 10 mil soldados foram destinados a trabalhar na urgente construção desta rodovia, pois o fatídico ditador tinha como objetivo fortalecer a sua soberania nesta longínqua região do território chileno. No ano de 1982, o primeiro trecho foi oficialmente inaugurado, conectando as cidades de Chaitén e Coyhaique. Atualmente, a Carretera Austral conta com uma extensão de 1240km, conectando a cidade de Puerto Montt ao povoado Villa O’Higgins, e encontra-se em constante processo de construção e reparação, possuindo trechos pavimentados e de rípio. A Carretera Austral é considerada por muitos viajantes um imperdível atrativo turístico devido às suas memoráveis belezas naturais…
Piedra del Indio: Localizada a 2km do centro da cidade, à margem do Río Simpson e da Carretera Austral, trata-se de uma formação rochosa, esculpida pelas forças da natureza, que possui a singular aparência do perfil de um índio. Ao longo dos anos, a Piedra del Indio tornou-se um imperdível atrativo turístico por simbolizar uma história de romance truncado. Segundo a lenda local, um apaixonado casal, do povo originário Tehuelche, esculpiu os seus sentimentos na pedra, um pouco antes de morrerem, e este ficou para sempre gravado na grande rocha como uma demonstração do poder da união entre os dois. Alguns moradores locais, afirmam que além do perfil masculino do índio, é possível observar o corpo de uma mulher deitada sobre a sua cabeça. A poucos metros do local, encontra-se uma ponte suspensa, homônima, a qual casais apaixonados prendem cadeados, com as iniciais dos seus nomes gravados, pedindo, ao casal da lenda, proteção e harmonia, para as suas vidas conjugais…
Río Simpson: Descoberto no ano de 1871, pelo almirante chileno Enrique Simpson Baeza, trata-se de um rio com nascente na confluência do Córrego La Galera com o Rio Huemules, no limite fronteiriço entre a Argentina e o Chile. O Río Simpson percorre uma área de 88km até se unir ao Río Mañihuales, para dar origem ao famoso Río Aysén. Seu espelho d’água possui coloração verde cristalino, que ganha um tom leitoso durante os períodos de degelo dos glaciais que o cercam. Ao longo das suas margens, pode-se identificar três diferentes áreas de vegetação: o Bosque Magallánico Siempreverde, o Bosque Magallánico Caducifolio e a Estepa Magallánica. O Río Simpson foi essencial para o processo de colonização desta região da Patagônia Chilena…
Monumento al Mate: Inaugurado em 2014, trata-se de uma escultura criada pelo artista plástico chileno, Segismundo Sade, em homenagem aos homens e mulheres pioneiras da Região de Aysén. A obra, construída em gesso e concreto, possui a imagem de uma mão segurando uma cuia e um bomba de Mate, simbolizando um traço sociocultural característico dos gaúchos do cone sul do Continente Americano e da Tierra del Fuego. Até o século XIX, o Mate foi uma bebida muito popular nas colônias espanholas até começar a ser substituído pelo chá introduzido pelos comerciantes ingleses. Apesar disso, o consumo da amarga bebida persistiu tornando-se uma distintiva característica dos habitantes da Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil. No caso a região da Patagônia Chilena, a sua falta de comunicação com o restante do país e a sua proximidade com a Argentina favoreceram que a cultura do Mate permanecesse viva. Em torno da bebida há uma mitologia e rituais de consumo muito específicos. Segundo uma lenda local, a Lua estava morrendo de vontade de conhecer a Terra, comer sua comida e banhar-se em suas águas, então decidiu descer, com a ajuda das nuvens, que cobriam o céu na sua ausência. Na Terra, ela conheceu um camponês que a salvou várias vezes, convidando-a para sua cabana, onde sua esposa se ofereceu para cozinhar tortilhas de milho dizendo: “Oferecemos a você nossa pobreza”. Ao retornar ao céu, a Lua percebeu que os seus amigos não tinham nada para comer, já que haviam lhe dado as suas últimas tortilhas. Para retribuir a generosidade, a Lua pediu a suas amigas, as nuvens, que garoassem ao redor da cabana. No dia seguinte, os camponeses notaram que havia crescido uma árvore com folhas verdes intensas e flores brancas. A filha do camponês, ao beber uma infusão, de verde intenso, das folhas e dos pequenos ramos, tornando-se imortal. Atualmente, o Mate é considerado uma bebida que acorda quem está dormindo, corrige os preguiçosos e faz pessoas que não se conhecem se tornarem irmãs e irmãos…
Plaza de Armas: Projetada no final da década de 1930, pelo agrimensor chileno, Héctor Monreal, para ocupar um terreno baldio, cedido pela Sociedad Industrial de Aysén, para servir como área de lazer para as famílias dos funcionários industriais da época. A praça foi construída com a mão de obra dos próprios colonos, de forma voluntária, durante os finais de semana. Ao longo dos anos, o local passou por inúmeras reformas, contudo manteve o seu formato pentagonal, com saída direta para 10 ruas, que a torna diferente das demais praças do território chileno, que possuem plantas ortogonais, ou seja quadradas, devido à influência dos conquistadores espanhóis durante o processo de colonização. Atualmente, a praça é considerada o principal centro de convivência dos moradores da cidade, possuindo uma área de recreação infantil, um centro de informações turísticas e uma Fonte Central ainda inacabada…
Centro Cultural Coyhaique: Inaugurado no ano de 2012, pelo então presidente chileno, Sebastián Piñera, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a divulgação do cenário cultural, artístico e científico, da região de Aysé, através da criação colaborativa. O Centro Cultural Coyhaique foi construído nas instalações do antigo Mercado da Cidade, que encerrou as suas atividades no ano de 1989. Atualmente, o edifício de três andares que abriga o centro cultural conta com nove salas multiuso, destinadas a exposições de artes (permanentes e temporárias)e oficinas culturais, um pequeno cinema e um auditório com capacidade para 250 pessoas…
Aberto ao público de segunda a sexta das 8h30min às 17h30min e aos sábados das 9h às 19h.
Entrada Gratuita 😉
Plaza del Pionero: Inaugurada no ano de 2002, trata-se de uma praça, localizada na Avenida Baquedano, construída para homenagear os primeiros homens que abriram os caminhos para o que hoje é a famosa Carretera Austral. Em seu interior, encontram-se cinco estátuas, dedicadas aos imigrantes chilenos provenientes da Ilha de Chiloé, uma estátua dedicada ao povo originário Tehuelche, e o famoso Monumento al Ovejero, réplica da obra original, criada pelo escultor chileno, German Montero, inaugurada no ano de 1944, na cidade de Punta Arenas. Atualmente, a praça é considerada um importante atrativo turístico devido a sua riqueza histórica e cultural…
Dia 2:
Reserva Nacional Coyhaique: Fundada no ano de 1948, trata-se de uma das mais antigas unidades de conservação ambiental da região de Aysén. A reserva ocupa uma área de 2.150 hectares, composta por suaves colunas, montanhas e pequenos lagoas, sendo as mais famosas delas a Laguna Verde e a Laguna Los Sapos. A partir de certa altitude, consegue-se ter uma vista panorâmica de toda a cidade de Coyhaique. Devido a sua estabilidade climática, com 12,5°C no verão e 4°C no inverno, o local proporciona aos seus visitantes um ambiente ideal para atividades recreativas, educativas e desportivas, sendo o trekking, pelas trilhas dos bosques caducifólia de Aysén, a principal atividade. Na década de 1950, o local passou por um grande reflorestamento devido a inúmeros incêndios que assolaram a região. Atualmente, o local recebe cerca de 20 mil visitantes anualmente, sendo apenas 10% compostos por viajantes estrangeiros, por se tratar de um atrativo turístico que não consta no tradicional trade turístico, apesar da sua extrema beleza e ótima infraestrutura…
Aberto ao público diariamente das 9h às 16h.
Valor do ingresso em junho de 2017: CLP 4.000
OBS: As fotos abaixo são ilustrativas, pois devido à forte nevasca eu não tive a oportunidade de desbravar, pessoalmente, este atrativo, pois o mesmo encontrava-se fechado para visitantes.
Gastronomia:
O pequeno amigo canino:
Um pouco antes da minha chegada à cidade de Coyhaique, o meu anfitrião adotou um filhote de cachorro que havia sido abandonado, na sua rua, dentro de uma caixa de papelão na neve. O pobre cãozinho estava muito fraco e parecia que não ia sobreviver, porém com muito amor e cuidados especiais ele conseguiu se recuperar. Ao chegar à sua casa, eu fiquei encantado com o cãozinho e ajudei o meu anfitrião a dar um nome ao mais novo membro de quatro patas da sua família. Chamei-o de Baco, em homenagem ao Deus do Vinho da mitologia romana, devido à festividade que ele fazia toda vez que Luís, o seu salvador, chegava em casa. Durante a minha breve estada à sua casa criei um forte laço afetivo com o pequeno Baco que passava boa parte do tempo brincando com as pontas do meu cachecol.